terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dheepan: o vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2015 está chegando - série California Filmes parte 1




Um filme dos nossos dias


A California Filmes tem escolhido criteriosamente os filmes que vai lançar nos cinemas brasileiros e em blu-ray e DVD. Basta fazer uma retrospectiva dos últimos lançamentos sob responsabilidade da distribuidora para confirmar essa afirmativa.

Nesse sentido, pretendo compartilhar algumas considerações e dicas úteis a respeito do catálogo recente da California. Minha intenção é que isso se desenvolva em alguns posts sequenciais, sem observar a cronologia exata dos lançamentos.

O primeiro deles, Dheepan – o refúgio (Dheepan), é nada menos que o vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de Cannes de 2015. O currículo da obra não pára por aí: trata-se do último filme do ousado diretor francês Jacques Audiard, que traz na bagagem, dentre outros, os fartamente premiados O profeta (Un prophète/A prophet, 2009), Ferrugem e osso (De rouille et d’os/Rust and bone, 2012) e De tanto bater meu coração parou (De battre mon coeur s’est arrêté/The bit that my heart skipped, 2005).




Embora tenha como protagonistas apenas atores desconhecidos e quase inexperientes, alguns de origem cingalesa (do Sri Lanka) e outros indiana, Dheepan tem interpretações surpreendentes e vigorosas, em harmonia com a força das imagens e a história contada. Para se ter uma ideia, o ator principal da trama é um real exilado político na França, ou seja, ele sabe do que está falando.

No filme, Dheepan decide fugir da guerra civil do Sri Lanka para a Europa, para tentar obter direito ao asilo. Para facilitar a aceitação das autoridades, escolhe uma mulher e uma pré-adolescente desconhecidas entre si e dele próprio. Assumem identidade falsa e fingem formar uma família. Já nos subúrbios de Paris, sem conhecer a língua local, o casal arranjado consegue apenas trabalho duro e mal remunerado. Mas a violência urbana não dá trégua e o instinto protetor e violento de Dheepan volta à tona, para resguardar a integridade da nova família. Enfim, fugiram do inferno e caíram num outro inferno.

É um filme a respeito de sobrevivência. O passado insiste em se manter vivo na memória e no comportamento de cada um. Personagens fortes, mas sem excessos de interpretação. Tudo perfeito e extremamente plausível. E uma pergunta não se cala nas imagens que vemos: o que vem a ser um refúgio? Lugar de medo, solidão, pobreza, desespero, passado mal resolvido?




Em tempos em que milhares de sírios fogem desesperadamente da Síria para tentar uma vida melhor e mais segura na Europa, não deixa de ser providencial um filme para acalorar o debate mundial sobre a imigração e os refugiados. Até que ponto os países europeus estão preparados para receber tantos estrangeiros de uma só vez? Até que ponto há emprego para todo mundo que chegaAté que ponto os refugiados são bem recebidos e conseguem se integrar e se adaptar à sociedade local? Até que ponto a nova guerra enfrentada é menos traumática que a do país de origem? Até que ponto há controle suficiente para que, dentre os refugiados, não estejam infiltrados terroristas?

O fenômeno da imigração não é novo, mas jamais na história recente mundial tantos estrangeiros tentaram entrar em solo europeu, em tão curto espaço de tempo e com tantas mortes pelo caminho, geralmente durante a travessia pelo mar, em embarcações sem a mínima segurança ou condições de higiene e saúde.



O filme tem apenas 109min de duração e previsão de estreia nos cinemas brasileiros para 29/10/2015, mas a solução para a problemática dos refugiados está longe de encontrar o ponto final. Passa pelo espírito de solidariedade, igualdade, fraternidade, liberdade, paz e respeito mútuo.

O trailer de Dheepan em HD com legenda em português você pode ver pelo link https://www.youtube.com/watch?t=1&v=3Xy9WEqLneA .

A trilha sonora, um excelente capítulo à parte, foi composta pelo quase novato Nicolas Jaar, com adicional do barroco Antonio Vivaldi (Nisi Dominus RV 608: Cum Dederit), perfeitamente registrada no trailer.

Para aumentar o debate sobre o tema, sugiro os filmes Dançando no escuro (Dancer in the dark, 2000, dirigido pelo polêmico Lars von Trier), O caçador de pipas (The kite runner, 2007, dirigido pelo versátil Marc Foster) e Era uma vez em Nova York (The immigrant, 2013, dirigido por James Gray).



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